ESCRAVA ADJUDICADA PARA PAGAMENTO DAS CUSTAS

No dia 16 de novembro de 1877, faleceu em Pedra Branca, Ceará, o Major Manoel Joaquim Cavalcante, deixando viúva d. Joanna Baptista Vieira. No dia 7 de dezembro subseqüente, o Juiz de Direito, doutor José Patrício de Castro Natalense, acompanhado do escrivão Delfino Alves Pinheiro e Lima, comparece à casa da viúva d. Joanna Vieira para tomar por termo, sob juramento sobre os Santos Evangelhos, as primeiras declarações da inventariante. Assinou o termo, a rogo da inventariante, por não saber ler, o seu filho José Cavalcante de Albuquerque. Antes de relacionar os bens existentes, d. Joanna declarou como herdeiros, dentre outros, seu filho Dr. Manoel Joaquim Cavalcante de Albuquerque, com 35 anos e exercendo o cargo de Juiz de Direito em Russas. Em 7 de abril de 1878, o Dr. Manoel Joaquim formula nos autos do Inventário o seguinte requerimento:
“Illmo. Snr. Juiz de Órfãos. Diz Manoel Joaquim Cavalcante de Albuquerque que, tendo sido separada para pagamento das custas a escravinha Maria, no inventário do seu finado pai, que se está procedendo por este Juízo, requer a V.Sa. se digne mandar adjudicar-lhe, ficando o suplicante responsável pela quantia por que foi avaliada a mesma escravinha. Nestes termos o suplicante pede a V. Sa. se digne deferir na forma requerida”. O Juiz de Direito deferiu o requerimento do dr. Manoel Joaquim e posteriormente consignou: “Julgo a partilha, por sentença, e mando que se cumpra e guarde, como nela se contem; adjudico ao herdeiro Dr. Manoel Joaquim Cavalcante de Albuquerque a escravinha Maria, separada para o pagamento das custas, pagas as mesmas pro rata. Pedra Branca, 18 de setembro de 1878. José Patrício de Castro Natalense”. Nos autos do Inventário, arquivados no 1º Cartório da Comarca de Pedra Branca, consta a relação dos escravos, num total de 10, pertencentes ao Major Manoel Joaquim Cavalcante, sendo Maria, a de nº 9, com 6 anos de idade, mais ou menos, mulata, de filiação ignorada, avaliada pelos louvadores (avaliadores) em duzentos mil reis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário