No dia 1º de maio de 1824 o Diário do Governo do Ceará, o primeiro jornal editado no Ceará e que tinha como redator Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque Mello, o Padre Mororó, almejando ser o porta-voz da Confederação do Equador, presidida por Tristão Gonçalves de Alencar Araripe, noticia que o Governo expedira oficio no dia 12 de abril ao Cabido da Diocese remetendo-lhe as requisições da Vila do Icó a favor do Padre Domingos da Mota Teixeira, já demitido do cargo de Vigário da Freguesia. O Governo dá os motivos para não serem aceitos os pedidos e solicita que seja preferido o Padre José da Costa Barros. A matéria é lacônica e não enuncia os motivos da recusa. A favor do Padre Costa Barros, o preferido, pesava o fato de ter participado ativamente do movimento republicano, que seu irmão Pedro José, Presidente (deposto) da Província do Ceará e futuro Senador, combatia. Não obstante, menos de dois depois, o Padre Domingos da Mota Teixeira, de volta ao seu paroquiato em Icó, é escolhido por Decreto do Imperador, datado de 22 de janeiro de 1826 e Carta Imperial de 19 de abril, Senador do Império. Ao seu lado estão os outros 3 primeiros Senadores da Província do Ceará: Coronel Pedro José da Costa Barros, o ex-Presidente, João Carlos Augusto de Oeynhausen Gravenburg, ex-Governador da Capitania do Ceará (13 nov 1803-25 set 1806) e futuro Marquez de Aracati, e o Dr. João Antonio Rodrigues de Carvalho. O Padre Domingos da Mota Teixeira fora escolhido de uma lista assim composta:
João Antonio Rodrigues de Carvalho 197 votos
Domingos da Mota Teixeira 169 “
Pedro José da Costa Barros 139 “
Manoel Felipe Gonçalves 108 “
Antonio Joaquim de Moura 105 “
Antonio de Castro Viana 96 “
José Raimundo de Passos Porbem Barbosa 92 “
João Carlos Augusto de Oeynhausen Gravenburg 83 “
Marcos Antonio Bricio 76 “
Gervásio Pires Ferreira 73 “
Mariano Gomes da Silva 68 “
Antonio José Moreira 65 “
O Senador-Padre Domingos Mota Teixeira não compareceu ao Senado para tomar posse e alegou seus motivos, por isso o Senado dirigiu oficio ao Ministro do Império em 22 de setembro de 1827 nos seguintes termos: “Reconhecendo o Senado a legitimidade dos impedimentos alegados por Domingos da Mota Teixeira, nomeado Senador pela Província do Ceará e havendo-o dispensado do exercício do referido cargo; me ordena que assim o participe a V. Excia. para levar ao conhecimento de S. M. o Imperador, a fim de se mandar proceder a nova eleição de pessoa que preencha aquela vaga”. José Marcelo Pinto (RIC – 1958) narra que o pleito eleitoral para a escolha do sucessor do Padre Domingos deu-se em luta acirrada. A eleição aconteceu em 1828, em dias diferentes, nos cinco Colégios da Província: Fortaleza, Crato, Aracati, Sobral e Icó, com o seguinte resultado:
Manuel Inácio de Carvalho Mendonça 110 votos
Manuel do Nascimento de Castro e Silva 91 “
João Vieira de Carvalho 74 “
D. Pedro I escolheu João Vieira de Carvalho, cujos adversários foram bater às portas do Senado, alegando falhas formais e suborno nos Colégios Eleitorais. Após vários enfrentamentos, afinal João Vieira de Carvalho (1º Barão e 1º Conde de Lajes e Marquez do mesmo título) foi nomeado na vaga do Padre Domingos da Mota Teixeira, representando o Ceará.