CAMELOS EM QUIXERAMOBIM

O Barão de Studart registra que em 24 de julho de 1859 “chega ao porto de Fortaleza a barca franceza Splendide procedente de Argel, donde partiu a 21 de junho, conduzindo 14 dromedarios mandados vir pelo Governo Imperial com destino a esta província, acompanhados por 4 Arabes”. Parte desse lote de camelos foi destinado a Quixeramobim aos cuidados do Padre Antonio Pinto de Mendonça, pároco de Quixeramobim, Visitador da Província, Vice-Presidente da Província. Além dessas atividades, o Padre Pinto de Mendonça era grande criador de gados e arrematante do dízimo de gados grossos. É sob essa qualidade do Padre Mendonça que em 27 de abril de 1859 o Presidente da Província João Silveira de Souza profere despacho, assim iniciando: “O Presidente da Província, considerando sobre a matéria que lhe foi dirigida em 21 de fevereiro findo, pelo proprietário e criador de gados do Município de Quixeramobim, cônego Antonio Pinto de Mendonça, arrematante do dizimo de gados grossos do mesmo município em 1858, na qual consulta sobre o modo pelo qual se deve pagar o sobredito dizimo, em um ano posterior ao da arrematação, quando o respectivo arrematante não o procure cobrar naquele, se em garrotes, como arrematara, ou se em bois feitos, à vista do tempo decorrido, e se no numero integral à ferra, ou com abate correspondente a cada ano de demora”.....Credenciais portanto não faltavam ao Padre Pinto de Mendonça para contratar com o Governo da Província no sentido de criar os camelos em suas fazendas do Quixeramobim. No Arquivo Público do Estado do Ceará encontram-se três cartas do Padre Pinto de Mendonça dirigidas ao Presidente da Província sobre o assunto; em 07 de novembro de 1859 apresenta ao Presidente da Província os senhores Joaquim Felismino da Costa e Manoel Franklin de Alcântara, contratados por 20$000 mensais para aprenderem a tratar dos camelos; em 23 de novembro comunica ao Presidente ter dado ordens aos seus procuradores em Fortaleza para receberem os camelos e assinarem o contrato que deve ser firmado com o governo. Finalmente, em 02 de novembro de 1860 o Cônego Antônio Pinto de Mendonça informa ao Presidente Antônio Marcelino Nunes Gonçalves que recebeu o lote de camelos nos últimos dias de Dezembro de 1859. Até o mês de Maio estiveram bem, havendo três fêmeas parido. Do mês de Maio em diante, viram-se acometidos de terrível lepra e inchações nas articulações e, apesar dos esforços empregados, apenas um escapou e está sendo devolvido ao governo. E pede que o contrato fique sem efeito.

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